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Caiaque Adventure

Pescaria de fly para iniciantes

Iscas que mostram a semelhança da natureza com perfeito desempenho

A pescaria de fly é sempre uma ótima escolha aos pescadores que gostam de alternar a tralha e sempre escolher equipamentos leves e iscas diferentes. No entanto, para o pescador iniciante, o fly geralmente é ensinado por outro pescador mais experiente.

“A pescaria de fly (mosca) é muito reconhecida e atrai cada vez mais pescadores que praticam a pesca esportiva. O fly é uma semelhança dos insetos que chegam mais perto da natureza”, conta o editor especial Pepe Mélega.

Alguns peixes se alimentam de insetos ao cair na água como as moscas e minhocas, e essa isca imita exatamente este momento com perfeito desempenho na fisgada. Todos os peixes, inclusive os predadores, podem ser fisgados com o fly.

As iscas que possuem formato de crustáceos, caranguejos, insetos, pequenas flores e frutas são ótimas para a pesca peixes onívoros. Os peixes predadores também são pegos com o fly, porém o equipamento deve passar por mudanças.

Equipamentos

Paulo César Domingues, autor do livro Pescando com Mosca, ensina dicas para a pesca com mosca.

“Primeiramente o pescador deve ter em mente qual peixe ele vai querer pescar, água doce ou salgada, e encontrar uma loja especializada em pesca. A indicação de lojas para o pescador iniciante é essencial”, diz Domingues.

O equipamento deve sempre se adaptar a todos os peixes, linhas flutuantes, pesadas e varas de boa qualidade são indispensáveis. As melhores iscas artificiais podem ser encontradas por importadores em pesquisas de sites de confiança.

Ao citar os locais para o iniciante pescar, Paulo comenta: “o pesqueiro é um ótimo lugar para o pescador aprender e praticar o arremesso de fly”.

A observação no ambiente em que os peixes se encontram também é primordial, já com experiência o pescador deve entrar em contato com a ictiofauna na natureza é um passo primordial que faz toda diferença.

Alguns dos peixes que podem ser pescador com o fly são:

Água doce: Dourados, tucunarés,matrinchã, piraputanga, truta, entre outros;
Água salgada: robalo, bonefish eubarana rato, entre outros.

Atenção: Não é recomendada a pesca de fly para peixes de couro que habitam nas profundezas dos rios. O equipamento leve não proporciona um bom desempenho nessa modalidade.

 

 

 

EFFMB PARTE ZERO - INICIANDO 

PRÓLOGO: 

Quando iniciei esta série de artigos, meu objetivo foi desmistificar um pouco a pesca com mosca, modalidade esta reputada como complicada, misteriosa, "para poucos". 

Para os amigos do baitcasting (BC ou "pesca de arremesso de iscas artificiais com carretilha ou molinete") que pretendiam iniciar-se no mundo do flyfishing (FF ou pesca com mosca), fiz uma série de artigos traçando paralelos entre o FF e o BC, permitindo, através das metáforas e analogias, uma melhor compreensão dessa modalidade de pesca. Daí nasceu o EFFMB, ou "Explicando o Fly Fishing em Metáforas de Baitcasting". 

Iniciei na parte 1 com a física do arremesso, mas revendo os tópicos e relendo alguns pedidos de ajuda no Caterva, concluí que havia faltado um intróito, algo mais inicial, algo que efetivamente fosse de mais valia para aqueles que desconhecem totalmente a modalidade, mas tem curiosidade genuína em aprender e, quiçá, investir nesta nova "loucura". 

Espero ter um mínimo de sucesso nesta empreitada. Boa sorte para nós! 

INICIANDO: 

Algum motivo o levou a se interessar pelo FF. O que foi esse estopim? Alguém que você viu pescando com mosca, ao vivo ou pela TV? Alguma reportagem que você leu em uma revista especializada em pesca? Um folder de pesca esportiva na Patagônia? Não importa! Independentemente do motivo, você decidiu que quer conhecer um pouco mais sobre o FF, mas.... onde? Como? Com quem? 

Qual a melhor maneira de começar? Oras, vou comprar um equipamento, monto tudo e saio arremessando. Não parece tão difícil assim. Vou na loja, compro aquele kit encartelado que tem todo o equipamento que vou precisar, monto de acordo com o livrinho de instruções que vem junto e vou no pesque-pague pegar uns peixinhos. 

Bom, pode até ser que isso funcione, mas não seria o caminho mais indicado. O mais provável é que você compre o kit, tente seguir as orientações do livreto e não consiga montar o equipamento adequadamente. Mesmo montando, você vai tentar imitar os movimentos que viu alguém fazendo e a linha começa a saracotear para todos os lados, forma nós, a mosca voa e o atinge na nuca, as pessoas em volta começam a rir e, no final, você irritado e frustrado, volta para casa, joga o material no fundo do armário e proclama em altos brados: - Esse tal de fly não é pra mim!! 

Opa, volta a fita!! O fly é para você sim! Sirva-se de uma dose de Joãozinho Andarilho de Camisa Preta, respire fundo e vamos conversar! Você quer a boa ou a má notícia? A má notícia é que o equipamento que você comprou foi barato por um motivo: é de baixa qualidade! Isso não vai impedir que você pesque com ele, mas irá dificultar muito uma boa iniciação na modalidade. A boa notícia: a culpa é mais do equipamento do que sua, assim, com um equipamento adequado e algumas orientações iniciais, você será capaz SIM de praticar o FF com razoável sucesso. 

Pronto? Vambora! 

Vamos ver por quanto tempo poderei acrescentar conteúdo a uma pretensa série de tópicos que apelidei de 
EFFMB - Explicando o Fly Fishing Através de Metáforas do Baitcasting 

Motivos: a esmagadora maioria dos amigos da Caterva pescam de bait mas tem curiosidade sobre a pesca com mosca. Assim, julgo mais fácil compreender alguns conceitos importantes a partir de um referencial que já dominem, no caso, a pesca com iscas tipo plug ou peixinhos. 

Espero que seja proveitoso. Abraços. 

Beto Akamine 

Parte 1 - A Física do Arremesso 

Ao pescar de bait, vocês já pararam para pensar como o arremesso acontece? Para não adentrar em conceitos filosóficos e de física (em especial a cinemática e o princípio da conservação de energia), vou tentar ser o mais simples possível. 

Ao efetuar o arremesso movimentamos nosso braço, imprimindo velocidade a este e, consequentemente, à vara de pesca que este empunha. Ao iniciar o movimento, uma parte da energia faz com que a vara acelere junto com o braço e outra, em razão da elasticidade da vara de pesca, faz com que vergue, pois não consegue acompanhar a aceleração da mesma sem se deformar. Se ainda houver um plug preso a uma linha que, por sua vez, está preso à vara, este gerará mais deformação na vara, vergando-a, posto que sua tendência natural é perrmanecer em situação de repouso (inércia). 

Nossa, que introdução mais chata, mas necessária para concluirmos algumas coisas: 
1) quanto mais acelereção imprimimos no arremesso, mais a vara vergará; 
2) quanto mais pesado o plug, mais a vara vergará; 
3) quanto mais comprida a vara, mais ela vergará (princípio das alavancas e da aceleração - uma vara mais longa acelerará muito mais a isca que uma vara mais cura) 

A vara de pesca ao vergar, acumula energia potencial. Sua tendência natural é retornar ao formato original (reto) e, ao fazer isso, libera essa energia na forma de movimento. Quanto mais rápido uma vara tende a retornar ao estado inicial, mais rápido é o blank. Quanto maior a capacidade de carregar peso (no caso o bait) e depois retornar ao estado original, mais potente é o casting do blank. Quanto maior a capacidade de carga total que ela suporta vergando antes de quebrar em 237.894 pedacinhos, mais resistente é o blank. 

Opa, então blank action (ação da vara), casting weight (peso de arremesso) e power (potência) estão relacionados, certo? Não necessariamente! Potência da vara e peso que ela arremessa costumam andar juntos. Mas a ação da vara independe de sua potência e peso máximo das iscas que arremessa. Podemos ter uma vara ultra-light rápida e uma vara extra-heavy lenta. 

Vixe, vamos ver se alguém chega até aqui sem dormir... zzzz..... 

- Tá, mas o quê isso tem a ver com o fly casting? 
- Tudo!!! Apenas mudando alguns referenciais. 

No FF (vou resumir para não ficar escrevendo toda hora flyfishign, flyfishing... e FC será flycasting, ok) a coisa é muito parecida. O que muda, principalmente, é o quê arremessa o quê. 

No BC (baitcasting), o peso da isca vaz vergar a vara, que acumula energia potencial que, liberada, impulsiona o bait ao longe, levando uma linha leve e fina (mono, multi, fluor) de carona. Por isso que linha grossa e isca pequena não dá samba!! 

No FC (flycasting) uma linha pesada, desenrolada no ar (quanto mais linha para fora da vara, mais peso para vergar a vara), faz vergar a vara, acumulando energia potencial que arremessa a linha, levando de carona uma isca muito leve. Por isso que uma isca mais pesada no FF prejudica o arremesso, enquanto no BC ajuda; em contrapartida uma linha grossa e pesada no FF ajuda no arremesso, e no BC atrapalha! 

Bom, acho que é o suficiente para este tópico! Vamos para a parte 2 que, espero, seja menos chata... 

O PRIMEIRO EQUIPAMENTO 

Para determinar o primeiro equipamento é preciso que sejam respondidas duas perguntas cruciais: "Onde eu pretendo pescar?" e "Quais peixes eu pretendo pescar?" 

Antes de responder, é preciso fazer um alerta: não é possível ter um único equipamento e esperar que ele sirva para todas as situações de pesca! 

Em regra, recomenda-se um equipamento de ação média, que é bem adequado para as pescarias de peixes médios, arremessando iscas de tamanho médio, em situações de médias distâncias de arremesso e situações climáticas médias. Esse mesmo equipamento médio pode ser adaptado (embora não seja o mais adequado) para uma pescaria mais leve ou mais pesada. 

Antigamente um equipamento médio era definido como #7, se a escolha recaísse sobre equipamentos ímpares, ou #8, caso se optasse por equipamentos de numeração par. Em regra, quando se montam os muitos conjuntos de FF, costuma-se pular uma numeração entre um equipamento e outro, para evitar muita similaridade de ação e peso. Daí o porquê de se montar conjuntos de numeração par (pulando-se os ímpares) ou vice e versa. 

VARAS: Atualmente, com a melhoria tecnológica, os equipamentos médios diminuíram um pouco, sendo assim considerados as varas #7 ou #6. São equipamentos adequados para se pescar peixes de 500 gramas até 2 quilos (black bass, robalos, tucunarés), mas não há empecilhos para ser usados para pequenos peixes de 100 gramas ou, tomando o devido cuidado, peixes de mais de 5 quilos. Porém, não é a numeração mais adequada nesses extremos. 

Farei referência aos equipamentos pares, mas se optar pela numeração ímpar, é só acrescentar um número ao que eu citar. Se você pretende pescar tilápias, saicangas e jacundás, em represas e pequenos riachos, um equipamento #4 ou até mesmo #2 sejam mais adequados. Se pretende pescar anchovas e olhetes em torno das ilhas com grandes streamers, um equipamento #8 ou mesmo #10, cairão melhor. Tucunarés amazônicos? De #8 a #10. Tucunarés do Centro-Oeste e Sudeste? Cai para #6 a #8. E por aí vai... 

As varas tem comprimentos que variam de 6´ a 15´, sendo o mais usual que tenham de 8´6 a 9´. A regra é a mesma do baitcasting: varas mais longas e de ação mais rápida arremessam mais longe, mas perdem em precisão; varas mais curtas e de ação mais lenta arremessam mais próximo, mas ganham em precisão. No caso do FF, mais um componente é influenciado pela ação da vara: a apresentação da mosca. Varas rápidas tendem a acelerar mais a linha e a mosca que ela carrega. Ganha-se em distância, mas a apresentação é prejudicada. Varas lentas apresentam as moscas de forma mais suave e natural, pois não aceleram tanto a linha e a mosca. Quando se pescam trutas com moscas secas, em que a isca deve cair suavemente sobre a superfície, imitando um inseto pousando, uma vara lenta é fundamental. Se o objetivo é arremessar um grande streamer a mais de 20 metros, em um dia de muito vento, a vara deverá ser rápida e potente, para vencer as grandes distâncias e a resistência do ar, ficando a apresentação em segundo plano. 
Varas simples, mas honestas, tem seu preço a partir de 200 reais. Varas top de linha custam mais de 700 dólares nos EUA (pelo menos 2000 reais no Brasil). 

CARRETILHAS. Em regra são equipamentos pouco exigidos em nossas situações de pesca mais comuns aqui no Brasil. Alguns cuidados devem ser observados, porém. Se você pesca no mar, uma construída em grafite ou anodizada/marinizada é melhor, pelos efeitos da corrosão. Se você pesca peixes que fazem longas corridas, como anchovas, olhetes e xaréus, no mar, ou bicudas e cachorras largas, em água doce, uma carretilha com bom sistema de fricção é recomendável. Mas, no geral, uma carretilha simples, com freio tipo click, é suficiente para iniciar. Uma carretilha simples, mas honesta, está em torno de 80 a 200 reais. Carretilhas top custam mais de 400 dólares nos EUA. 

BACKING: se for pescar peixes que dão longas corridas, o backing será exigido, do contrário servirá apenas como "cama" para ficar sob a linha de fly. O mais usado é são linhas de um mterial sintético chamado Dacron. É parecido com os multifilamentos, mas bem menos abrasivos e de maior diâmetro. Aqui um alerta: não usem monofilamento de nylon, pois eles possuem elasticidade. Se enrolados com pressão na carretilha de fly, ela pode até deformar e quebrar. Igualmente, só usem multifilamento de maior diâmetro e somente se as varas tiverem passadores que agüentem multifilamento (normalmente não são preparadas para isso). Via de regra, dacron de 20lbs para equipamentos até #6 e de 30lbs para equipamentos #7 para cima. Um carretel de dacron com 100 metros está em torno de 30 reais. 

LINHA: já discorri bastante sobre as linhas de fly em um tópico específico. Para começar, escolha uma boa linha de fly na configuração weight-forward flutuante do mesmo número da vara. Uma linha de boa qualidade é fundamental para bons arremessos e, nesse caso, preço e qualidade andam juntas. Linhas de 30 a 40 dólares são razoáveis e de 50 a 70 dólares costumam ser muito boas (preços dos EUA). Aqui no Brasil as linhas oscilam entre 100 e 250 reais. Menos que isso é arriscado, mais que isso é exploração. 

LÍDER: ou leader, é a parte que liga a linha de fly à mosca. Feita normalmente de nylon transparente, tem formato cônico, que permite a melhor transmissão da energia cinética da linha de fly, em um efeito parecido com o de um chicote. O comprimento varia de poucos centímetros a alguns metros. Normalmente tem entre 7´5 a 10´. Existem líderes prontos, de afunilamento contínuo, sem nós, mas podem ser feitos com vários pedaços de monofilamento de nylon de diâmetros diferentes, atados entre si. Em regra, um leader cônico de afunilamento progressivo de 9´ com ponteira de 10lbs é bem versátil para ser usado com um equipamento #6/7. O preço varia de 10 a 20 reais. 
BUTT: porção mais grossa do leader, que vai preso na linha de fly. 

TIPPET: pedaço terminal do leader e sua porção mais fina. Nele é amarrada a mosca e é o seu diâmetro de determina a classificação do leader. Um leader 0X é mais grosso, um leader 5X é mais fino, um 8X mais fino ainda e por aí vai. 

MOSCAS: existem muitas e muitas moscas, de diferentes tamanhos, formatos e ações, assim como existem muitas e muitas iscas de bait, de diferentes tamanhos, formatos e ações. Grosso modo, podemos classificar em: 
dry fly (moscas secas) - imitam insetos voadores, muito usados na pesca da truta e outros salmonídeos. Se ficam sobre o filme d´água, são denominados dry (seca), se ficam abaixo do filme d´água, são chamados wet (molhada); 
- ninfas - imagos ou larvas de insetos que tem seu ciclo de vida na água. Larvas de libélulas, de besouros, de mariposas e outras. Muito eficientes para muitos peixes, que tem essas larvas em sua cadeia alimentar. Ótimas para tilápias e carpas. 
- streamers - seria o equivalente das iscas de barbela do BC. Imitam peixinhos forrageiros, em sua maioria. Ótimos para todos os tipos de peixes predadores, desde saicangas e jacundás, até grandes atuns e olhos-de-boi. 
- poppers - assim como os poppers do BC, funcionam para muitos peixes predadores que atacam na superfície. Excelente para traíras, robalos e tucunarés; 
- hairbugs - iscas feitas com pêlo do corpo do cervo norte-americano enrolados na haste do anzol. Podem ter ação de popper, de diver (como uma twitch-bait do BC) ou ser usado para dar volume ao corpo de ninfas, dry flies e streamers. 
Existem muitas outras, mas estas podem ser consideradas básicas para quem está se iniciando. No começo, procure adquiri-las prontas de um bom atador ou mesmo as comercialmente vendidas. No futuro, arrisque-se a atar suas próprias moscas. É um hobby interessantíssimo e uma extensão do FF. 

CUSTO: Considerando-se um equipamento #6/7, básico, mas honesto, composto de vara, carretilha, backing, linha e leader, 20 moscas variadas, acredito que o custo inicial fique em torno de 500 reais. Caro? O mesmo preço de um conjunto simples, mas honesto, de baitcasting. 
E qual o limite? Bom, meu sonho de consumo seria uma GLoomis GLX, com carretilha Abel, linha SharkSkin e moscas atadas pelo Dave Withlock... uns 1.500 dólares nos EUA. Caro? Quanto sai uma Shimano Shaula, com carretilha Antares DC7, linha multifilamento e um jogo de iscas da Megabass? 

MONTANDO O EQUIPAMENTO: 



Ok, equipamento adquirido, está na hora de montar tudo para começar a brincadeira. 

Alerta: todos os nós que citarei aqui podem ser encontrado na internet, alguns inclusive com animação em flash. Olhem, aprendam e pratiquem. Praticar nós é importante para que saiam cada vez melhores e mais rápido. 

1) Prenda a carretilha na vara. Coloque o backing, amarrando este ao fundo do carretel com um nó simples, tipo uni-knot. 

2) Para prender a linha de fly ao backing, o mais usado é o nail-knot. Não conseguiu? Então faça um double-surgeons-loop bem largo no backing (grande o suficiente para a carretilha passar por dentro) e um perfect-loop bem pequeno na linha de fly. Passe um no outro e prenda no sistema loop-to-loop. Esse sistema ainda ajuda na hora que quiser substituir a linha de fly que está na carretilha. 

3) Linha de fly enrolada na carretilha, prenda o leader à linha de fly com o nail-knot. Opa, também não conseguiu? Nózinho danado, né?! Então, novamente, faço um perfect-loop pequeno na linha de fly e um perfect-loop pequeno no butt do leader. Melhor ainda, se tiver um braided-loop para colocar na linha de fly, o acabamento ficará melhor. Esse braided loop nada mais é que um loop (laçada) pronto, feito de nylon trançado, que é preso na linha de fly pelo método inch-worm e um tubinho termo-contrátil. Parece complicado, mas procurem por "fly braided loop" no Google que vocês entenderão! 

4) Agora, passamos a linha de fly pelos passadores da vara e amarramos uma pequeno pedaço de lã no tippet. Lã??? Como vou pescar um peixe com lã sem anzol? 
Resposta: você não vai pescar ainda! Vai apenas se familiarizar com o equipamento! Se tentar fazer os primeiros arremessos com uma mosca com anzol, tudo o que vai conseguir é um peixe-anta de 80 quilos preso pela nuca! Vamos sentir o equipamento, acostumar com o movimento da linha, sentir o desenrolar do arremesso. Quando isso estiver dominado, passaremos à pescaria. 
Vá a algum parque que tenha pouca gente e um belo gramado, amplo e desimpedido de árvores e obstáculos. Solte uns 8 a 10 metros de linha de fly, estique-os à sua frente, com o pedaço de lã preço no tippet. Feito isso, com um movimento contínuo do braço para trás, tente jogar toda a linha no ar atrás de você. Uma pequena parada para sentir que a linha se desenrolou no ar atrás de você e inicie um movimento para puxar toda essa linha para a frente. Deixe a linha cair na grama e veja se ela caiu esticada ou toda embolada. Pratique até conseguir que a linha fique bem esticada à sua frente, após o movimento de vai-e-vem. Tente enxergar menos e sentir mais a linha e o movimento. 
Deu certo? Meus parabéns, você aprendeu o arremesso pick-up-n-lay-down! 

A partir daqui, recomendo que faça um curso de arremesso. Se não puder, adquira um bom livro (o do mestre Paulo César Domingues é altamente recomendado) e um bom vídeo instrucional (o do mestre Paulo César Domingues é ótimo, bem como o Begginings do Mel Krieger ou o Basic Fly Casting do Doug Swisher). 

Leu? Assistiu? Agora é só... praticar, praticar, praticar e praticar! 

E, se tiver paciência, ler os outros tópicos do EFFMB, que se tornarão mais lógicos, feita essa Parte 2 - Ação e Comprimento das Varas de Pesca 

Complementando algumas informações daquele chatíssimo tópico sobre física do arremesso, vou ter que falar um pouco sobre movimento tangencial e aceleração tangencial. 

Ao fazermos o arremesso da isca (considerando o arremesso sobre a cabeça - overhead cast - para melhor visualização), se pudéssemos traçar uma linha a partir da ponta da vara, veríamos que ela descreve um movimento circular, com a mão do pescador próximo do centro desse circulo, e a isca saindo tangencialmente quando arremessada. 

Por que falar isso? Para que possamos entender porque uma vara mais comprida imprime mais velocidade final à isca que uma vara curta. Quanto maior a vara, maior a circunferência que será "desenhada" por sua ponta e, consequentemente, maior o caminho que esta irá percorrer em um mesmo tempo. Se o tempo é o mesmo é o caminho é maior, concluímos que a velocidade teve que ser maior. Se a velocidade é maior, a isca viaja mais rápido e atinge maiores distâncias. 

Daí vir a máxima: varas longas ganham em distância de arremesso e alavanca de fisgada, varas curtas ganham em precisão e controle dos arremessos. Alguns exemplos: 
* Pescaria de anchovas em costão de pedra? Varas de 7´6 ou maiores, de ação rápida, para iscas mais pesadas (a idéia e lançar a isca o mais distante possível e trabalhar esta bem rápido); 
* Pescaria de robalos em galhadas de mangue? Varas de 5´a 5´6, de ação mais moderada, pois a idéia é efetuar arremessos curtos mas com precisão entre as centenas de enroscos aéreos que circundam o habitat do robalo; 
* Pescaria de black bass com minhoca artificial? Varas de 5´6 a 7´, de ação mais rápida, não pela distância do arremesso, mas pela necessidade de se ter potência na fisgada. A linha muitas vezes estará a 8 metros de profundidade e a fisgada terá que compensar a elasticidade da linha (no caso da mono), mais a flexibilidade da vara, e ainda tendo que atravessar o corpo da minhoca plástica e penetrar na boca do peixe 
* etc, etc e etc.. cada situação um equipamento mais adequado... 

E no FF?? Qual a importâncida da velocidade da vara e sua potência? 

Já vimos que varas mais rápidas imprimem mais velocidade às iscas arremessadas. No caso do FF, as varas rápidas imprimirão maior velocidade às linhas que serão arremessadas. Simples assim! Mais velocidade, mais distância. Da mesma maneira, varas mais longas farão com que atinjam maiores distâncias, e como no BC, ganha-se em distância e perde-se em precisão de arremesso e controle, e vice-versa. 

Os tamanhos entrem 8´6 e 9´ são padrão para as numerações intermediárias de varas para FF pois reunem equilíbrio entre controle e potência. 

Ora, bolas, para que alguém compraria uma vara de FF lenta, então?? Resposta: quando se quer maior controle ou quando a apresentação da isca não pode ser feita de forma abrupta. Lembrem que a linha acelera a isca e a velocidade final desta quando toca a água é influenciada diretamente pela velocidade que o conjunto vara+linha+leader (prometo falar sobre leaders em outros tópico) lhe imprimiu. Uma isca chegando acelerada no destino final praticamente "estapeia" a água, gerando barulho e uma apresentação pouco natural. Isso não importa muito para um tucunaré ou robalo ativos, mas uma truta se alimentando de insetos em um riacho com meio metro de água cristalina vai sair correndo até o Timbuktu!! E há situações em que mesmo o robalo, o tucunaré, o bass e a traíra exigem uma apresentação mais delicada da isca. 

Nossas situações de pesca pedem arremessos mais longos, em regra. Mas varas de ação média e mesmo lenta podem ser exigidas em algumas situações específicas. 

Os amigos do BC muitas vezes ficam pensando: 
- Que raios é equipamento #4? Ou #8? 

No FF classificamos normalmente os equipamentos com base em numeração que vai do 1 ao 15. A Sage já fabricou uma vara #0 para malucos que queriam algo ainda mais leve. 

Quanto menor a numeração, mais leve o equipamento. Um equipamento 1 a 2 seria considerado ultra light para os padrões do BC. 3 a 4 pode ser light. 5 e 6 medium light. 7 e 8 medium. 9 a 10 medium heavy. 11 a 12 heavy e 13 a 15 extra heavy. Essa classificação não é uma regra, mas um indicativo apenas, ok?! 

Uma observação importante. Quase sempre uma vara #5, por exemplo, fará conjunto com uma linha #5, um leader compatível com linha #5 e uma carretilha compatível com #5. Por isso falamos em conjunto para FF #5. Há exceções mas isso eu falo beeeem mais tarde (se me aguentarem até lá...rs) 

Varas mais leves tendem a ser mais curtas pois entende-se que não se compra um equipamento #2 para efetuar arremessos de 20 metros (uma enormidade em se tratando do FF). O comprimento médio varia de 7´6 a 8´. Contrário senso, varas mais pesadas tendem a ser mais longas, mas dificilmente ultrapassando o comprimento de 10´ por causa da relação potência x controle. Há varas mais longas para situações específicas de pesca, como as varas para spey casting (de 11´ até 15´) ou mesmo as varas double-hand, longas e mais rápidas, usadas para longuíssimos arremessos e iscas grandes, em busca do pike (muskelunge ou lúcio). 

Mudando de saco para mala, vou falar um pouquinho sobre o BC. Na pesca de BC é comum passarmos do equipamento médio para o ultra-light, respeitado o peso da isca e o peixe que se quer pescar, buscando-se esportividade na briga com o peixe. Pode-se sacar um bass de dois quilos com um conjunto de 20lbs bem como com um conjunto de 4 lbs, desde que o casting weight das duas varas seja compatível com a mesma isca usada. No fly não é bem assim.... 

Não raro pode-se usar um equipamento #4 para pescar uma truta de 4 quilos com mosca seca e exigir-se um equipamento #8 para a pesca de black basses de 800 gramas. Mas por que?? Porque o fator mais determinante para a numeração do equipamento que se vai usar para uma dada pescaria é a isca que este terá de carregar. No primeiro caso uma mosca seca atada em anzol #18 é facilmente arremessada com o equipamento #4 e um longo e leve leader, ainda que o peixe pretendido seja grande. No segundo exemplo, embora os peixes sejam menores, as iscas usadas na sua captura são grandes ou pesadas ou volumosas, ou ainda, as 3 coisas juntas. Arremessar um hairbug em anzol #1/0 com equipamento #4 e leader longo e fino é praticamente impossível, ainda mais se se busca uma distância decente de arremesso. Aí o porquê se sobredimensionar o equipamento, não em razão do peixe, mas em razão da isca. 

Distância do arremesso é outro fator que pode determinar o uso de equipamentos mais pesados. Locais com muito vento também, pois um equipamento mais pesado facilita o controle da linha no ar. 

Por isso há a recomendação aos iniciantes que adquiram um conjunto médio, #6 ou #7, para começar. Com esse tipo de equipamento é possível pescar-se uma variedade muito grande de peixes em uma grande gama de situações. Com o tempo, sentindo a necessida, o pescador irá adquirir numerações maiores e menores que mais se adequem às situações de pesca que lhe são corriqueiras. 

Finalizando, a pergunta que sempre é feita: numeração par ou ímpar? 
Se pegarmos um conjunto de FF #6 e #7 veremos que há pouca diferença entre ambos. Mas se pularmos de um #6 para um #8 a diferença será bem mais evidenciada. Por isso que os pescadores de FF costumar pular um número entre seus conjuntos, adotando numeração par ou ímpar. Em São Paulo é usual adotar-se numerações ímpares, no Paraná optaram pelas numerações pares. E há aqueles que querem um maior contraste entre os equipamentos, pulando de 3 em 3 a numeração do cojunto (exemplo: #3, #6 e #9). Questão de gosto. 

Afe, acho que por hoje chega! Boa passagem de ano a todos!! Vou ver se retomo esse papo doido em 2008 (ou antes) 

Recordando, os equipamentos para pesca com mosca variam do número #00 (valeu, Haruo!) até #15. Conseqüentemente as linhas acompanharão a numeração do equipamento, então, teremos linhas do #00 ao #15. O que diferenciará uma da outra é o seu peso, que será maior quanto maior o número do equipamento a que ela se destina. 

Até aqui a coisa está tranqüila. Então... vamos complicar!! Eh!!!!! (rs) 

Uma linha para mosca tem sua numeração definida pelo peso que apresenta em seus 30 pés (aproximadamente 9 metros) iniciais. O peso é definido em grains, uma medida doida que corresponde a 64,79891 miligramas. Assim, uma linha #7, por exemplo, terá sempre o mesmo peso em seus 30 pés iniciais (aproximadamente 185 grains ou 12 gramas), não importando o seu perfil (shape ou formato) ou razão de afundamento (floating, sinking, intermediate), assunto que falarei mais adiante. 

Assim, ao fazermos os arremessos false cast (o tradicional para-a-frente-e-para-a-trás-no-ar), estamos carregando a nossa vara de fly com 12 gramas de linha que vão e vem, mais o peso do leader e do fly (mosca). Uma vara #7 foi feita para vergar de forma adequada com essa porção da linha (e seu correspondente peso) para fora da ponta da vara. Por isso que usar uma linha #9 em uma vara #7 causará uma sobrecarga que pode até quebrar a vara pelo excesso de peso. Ao inverso, uma linha #5 em uma vara #7 não terá peso suficiente para vergá-la, permitindo o arremesso (falta de peso). 

- Mas tio Beto, eu não posso usar uma linha #6 em um equipamento #7 para deixá-la mais rápida? 
- Opa, pode sim, mas não estraga a surpresa, pois vou tratar disso em ooooutro tópico, tá?! Agora toma o seu sorvete e fica quieto!! (rs) 

Recapitulando. Uma linha #7 é adequada para ser usada com um conjunto (vara e carretilha) #7, e terá aproximadamente 12 gramas em sua porção inicial de 9 metros. A linha para fly pode ser dividida em duas porções: head (cabeça) e running line (porção de linha fina e de igual diâmetro, logo após a head, que compõem todo o resto da linha para fly). 

A head ainda pode ser dividida em: 
- tip (ponta) - porção inicial da linha, mais fina, na qual se ata o leader; 
- front taper - porção mais à frente da linha, que vai engrossando e formando a cabeça (porção mais pesada); 
- belly (barriga) - é a parte mais grossa da linha, a parte pesada que forma a maior parte do peso da head (cabeça) da linha; 
- back tape ou rear tape - porção no final da head, em que a linha vai afunilando até ficar no comprimento da running line e a esta é emendada 
- running line - é a porção final da linha de fly, emendada diretamente com a head, e que compõe dois terços do comprimento total da linha para fly (em média). 

Entendendo o conceito de head e running line, podemos dizer, agora, que uma linha com head compacto e à frente, seguido de uma running line fina, produz longos arremessos. Ao contrário, uma head longa e uniforme, seguida de uma running line mais grossa, efetuará arremessos mais curtos e delicados. 

Até aqui tudo bem? Vamos em frente! 

Imaginem os colegas de BC que vocês possuam um plug mágico, que pode ser esticado e encolhido à vontade, mas o peso não possa ser alterado. Digamos que este plug tenha 12 gramas ou 185 grains, como uma linha para fly #7. Este plug será arremessado com uma vara apropriada para arremessar iscas de 12 gramas. 

Se eu esticar o plug até que tenha um metro de comprimento, ele ficará muito comprido e fino. Ele terá pouca aerodinâmica, será difícil arremessá-lo, mas, em compensação, cairá com muita suavidade na água. Se eu comprimi-lo, transformando-o em uma bola, ele poderá ser arremessado muito longe, mas cairá como uma bomba na água. Posso ainda moldá-lo para que adquira o formato de uma gota alongada, com a cabeça mais compacta, afunilando progressivamente até a cauda (algumas iscas tipo zara possuem esse formato). Esta isca reunirá as duas características anteriores, boa aerodinâmica, boa distância de arremesso e menos impacto ao cair na água. 

Linhas para fly seguem a mesma lógica. Haverá situações que teremos de priorizar a distância de arremesso. Nesse caso as linhas terão sua head (cabeça) mais concentrada e mais a frente possível na linha. Em outras situações, o importante será a apresentação do fly, que deverá ser a mais natural possível. Assim, em tal situação, o peso da linha será distribuído mais uniformemente ao longo da head, de modo a dispersar a energia da linha e permitir uma "aterrissagem" mais suave desta na água, sem causar estardalhaço que espantaria o peixe. 

As diversas variações de taper (formato, perfil ou shape) seguem essa lógica simples que expus acima. Vou falar sobre algumas mais comuns: 

- Weight Forward (WF) - pode ser traduzido como "peso à frente", e como o próprio nome diz, é uma linha desenvolvida com o peso concentrado na porção mais à frente da linha. Indicada para arremessos mais longos e situações de vento. Variações: bass bug taper (WF-BBT), rocket taper (WF-RT), long belly taper (WF-LBT), etc, etc.... 

-Double Taper (DT) - tem como característica possui uma head mais alongada e simétrica. É indicada quando se quer apresentar a mosca de forma mais delicada, uma vez que a linha acelera menos e cai com mais suavidade na água. Linha padrão para a pesca com moscas secas (dry); 

- Triangle Taper (TT) - um misto das duas linhas anteriores, possui o peso mais concentrado à frente mas um perfil que vai afunilando suavemente até a ponta, permitindo uma apresentação mais delicada da mosca e, ao mesmo tempo, imprimindo mais aceleração na linha, como uma WF. É a minha linha padrão para equipamentos #6, como conjunto "coringa". 

- Level (L) - tem o perfil igual do começo ao fim da linha. Tem pouca utilização. Costumava usar uma Level #2 como ruuning line de linhas shooting (explico isso no futuro); 

- Shooting Taper (ST) - esta linha nada mais é que a parte pesada (cabeça) de uma linha WF convencional. É presa a uma linha bem mais leve que a parte traseira de uma WF regular, de forma a permitir longos arremessos (quanto mais leve e fina for a running line, menor será o arrasto e mais longo será o arremesso). Usualmente utiliza-se como running line um monofilamento especial de pouca memória (senão formam-se molas de linha que atrapalham o arremesso). Eu costumo usar um monofilamento vermelho chamado Amnésia (nem deveria ter memória com esse nome, mas tem um pouco sim), fabricado pela Sunset. Era há alguns anos a running line padrão para quem pescava com shooting. Hoje em dia parece-me que há materiais mais modernos que a substituem. Variação: Série T, da Teeny Nimph Corporation, que é uma shooting seguida de uma running line muito fina. Depois que conheci esssa linha, minhas ST tradicionais ficaram encostadas. Uma vara #8 de ação rápida com uma T-250 arremessa muito longe........ 

Para concluir, as linhas para fly ainda podem ser floting (flutuantes), intermediate ou slow sinking (neutras ou pouco afundativas) e sinking (afundativas), sendo que estas últimas podem afundar devagar, rápido, muito rápido ou muuuuuito rápido, caso das deep water express e das lead core. 

Se tiverem alguma dúvida sobre esse tópico, que é meio enrolado, perguntem!! No próximo vou entrar no uso das linhas e vai ficar confuso se alguns conceitos aqui não ficaram bem claros, ok?! EFFMB Parte 5 - Carretilhas 

Quando algum amigo deseja se iniciar no FF, é praxe indicarmos que ele invista na vara e na linha, deixando a carretilha como um equipamento secundário. Eu mesmo faço isso com frequência. O motivo é que para nossas condições de pescaria, na maior parte do tempo, a carretilha será apenas um dispositivo de armazenamento de linha, pouco exigida durante a briga com o peixe. Mas... nem sempre! Vamos bater um papo sobre carretilhas para FF.... 

1) Recolhimento e Relação de Recolhimento 
O modelo mais comum e usado de carretilhas para FF é aquela sem efeito multiplicador: a cada manivelada, recolhe-se uma volta de linha. Isso parece muito desconfortável para os amigos do BC acostumados com carretilhas de relação 5:1, 6:1 e até 7:1. Mas isso traz poucos problemas, se considerarmos que a carretilha só será usada por alguns momentos durante a pesca (no recolhimento do excesso de linha e, eventualmente, em alguma briga com o peixe). 
Há alguns modelos de carretilhas que possuem um mecanismo de multiplicação de recolhimento, caso das caríssimas e excelentes Abel, que chegam a até 3:1. Uma opção mais em conta e que tenho adotado cada vez mais é o uso de carretilhas Large Arbor, que nada mais são que carretilhas de relação de recolhimento simples (1:1), mas com o meio vazado e o diâmetro aumentado. Lembrando das aulinhas de matemática, que a circunferência é igual a 2(pi) vezes o raio, e o raio dessas carretilhas tende a ser pelo menos duas vezes maior que o raio de uma carretilha normal, concluímos que há um efeito multiplicador indireto do recolhimento. Modelos simples como o Okuma Airframe (menos de USD 40,00 no EUA) são opções boas e baratas de carretilhas para as situações de pesca que temos no Brasil. 
Esses modelos de carretilha podem parecer exagerados a primeira vista, mas ao sentirmos em mão, verificamos que seu peso não é muito diferente de uma carretilha normal de mesma numeração. 
As principais vantagens que observo no uso das carretilhas large arbor: (1) a linha é bobinada em voltas mais largas, causando menos o "efeito mola" da linha que fica muito tempo guardada; (2) quando é preciso recolher rápido a linha para mudança de local ou nas raras situações que se exige um rápido recolhimento na briga com o peixe; (3) caso o peixe tome linha durante a briga, ela girará muito mais lentamente para soltar a mesma quantidade de linha, gerando menor desgaste final da fricção e menos chance de queimar a mão que serve como freio auxiliar encostado ao corpo da carretilha e (4) por ser vazada em seu meio (e normalmente perfurada como um carretel aliviado de BC), a linha e o backing retém menos água e umidade, que podem prejudicar o conjunto. 

2) Fricção 
Como já falado, serão raras as vezes que usaremos a fricção da carretilha e mesmo esta durante a batalha com os peixes. Mas o que é exceção pode ser a regra para os seguintes peixes: (1) grandes tucunarés amazônicos; (2) bicudas; (3) anchovas e outros peixes marinhos de curso; (4) dourados de rio e de mar; (5) pescarias internacionais, especialmente bonefish, tarpon e grandes salmões; (6) outros peixes e situações semelhantes (inclusive pesca de peixes de bico e atuns em água azul). 
As carretilhas mais baratas possuem um sistema de freio simples, que não resiste à corrida de um peixe grande, mas é suficiente para corridas curtas da maioria de nossos peixes, o que inclui tucunarés, robalos, traíras, basses e outros peixes que costumam dar duas ou três corridas iniciais vigorosas e curtas e depois sossegam. Mas engatar um bonefish ou uma bicuda, que puxam 50 ou mais metros de linhas em uma corrida, podem arrebentar a fricção simples pelo calor e atrito gerado, deixando o pescador na mão. Nesse caso, o conselho de economizar na carretilha deve ser repensado. 
As carretilhas mais top de linha, como Abel, Tibor, Ted Juracsik, Ross e outras, possuem freios de discos de teflon e cortiça preparadas para suportar esse tipo de esforço e desgaste. Algumas possuem até um sistema de "turbina" (Cortland) que diminui a inércia inicial do carretel quando o peixe toma a linha, protegendo o tippet do leader. 

3) Equilíbrio Carretilha e Vara 
Nas carretilhas costumam vir a indicação de uso, que abrangem até 3 numerações diferentes de equipamento. Por exemplo, uma carretilha que vem indicada para linhas 4/5/6. Isso quer dizer que se poderá usar qualquer uma das 3 linhas nessa carretilha. Como uma linha #6 é bem mais volumosa que uma linha #4, comportará muito menos backing (linha de reserva colocada no fundo da carretilha, antes da linha de fly) que ao usar uma linha #4. Se tentar colocar uma linha #8 provavelmente ela não caberá na carretilha, mesmo sem backing. E uma linha #2 colocada nessa mesma carretilha exigirá muito backing no fundo e, provavelmente, não formará um conjunto confortável com a vara #2. 
Quanto maior a carretilha, mais pesada ela será, mais linha comportará e para linhas de maior numeração será indicada. Essa é a regra. Porém... bom, sempre tem um porém... 
Ao contrário do BC, em que podemos colocar um Symetre 750 ou um Symetre 2000 na mesma vara e ainda assim ter um conjunto equilibrado, achar a carretilha compatível para uma determinada vara no FF é mais complicado. 
Explico. No BC a mão é posicionada na altura da carretilha/molinete, que compõem, em regra, o maior peso no conjunto vara/carretilha. De certa forma, ao segurarmos o conjunto pelo seu ponto mais pesado, haverá uma tendência maior de equilíbrio de todo o conjunto, ainda que se altere a carretilha/molinete, pois seu ponto de sustentação continua o mesmo, em cima dele. No FF a carretilha é posicionada abaixo do ponto de pegada do conjunto, como forma a criar um contrapeso de equilíbrio para o conjunto. De um lado temos o peso da carretilha e do outro o peso de quase toda a vara mais a linha. Se houver um desequilíbrio na relação, este será sentido durante o arremesso. Uma carretilha leve demais faz a vara e a linha penderem em demasia em direção à ponta, obrigando o pescador a corrigir isso pela força, causando desgaste e fadiga. Já uma carretilha muito pesada sobrecarregará todo o conjunto, forçando novamente o braço do pescador, mas no sentido contrário. 
Ao longo dos anos descobri que há mais um componente importantíssimo a pensa quando se busca o equilíbrio vara x carretilha no FF: a distância de arremesso pretendido! Quanto mais linha desenrolamos no ar, buscando um arremesso mais longo, mais peso teremos em direção à ponta da vara, exigindo uma carretilha mais pesada no outro extremo, de modo a dar o equilíbrio necessário a um arremesso confortável. Em contrapartida, arremessos curtos e mais precisos pedem um conjunto mais equilibrado. 
O que eu costumo usar: 
(1) situações de longos arremessos (tilápias no Capivari, p.e.)- carretilhas mais pesadas para um mesmo # de conjunto, pois o balanceio do conjunto durante o arremesso é priorizado; 
(2) situações de arremessos curtos (trutas em riachos, p.e.) - carretilhas menores e mais leves, pois o balanceio do conjunto durante o trabalho da isca é priorizado; 
Assim, não há uma regra rígida, de usar tal carretilha para tal conjunto. Em minha varinha #4 eu uso desde uma carretilha tradicional pequena e leve com linha DT-4-F para pesca de trutas, como uma carretilha large arbor de alumínio, mais pesada, com linha TT-4-F para a pesca de tilápias em grandes represas. Na vara #6 tenho uma carretilha mais leve para arremessos curtos (até 15 metros) e de precisão, com linha WF-7-F BBT, para os robalinhos no mangue, e também tenho uma carretilha grande large arbor, para linhas 7/8/9, equipado com linha TT-6-I para longos arremessso. Opa!! Opa!! Peralá!! Linha #7 na vara #6? Carretilha 7/8/9 para vara #6? Caaaaaaalma!! Vou tratar disso em outro tópico, futuramente, ok?! Já tenho até o nome: Quebrando Paradigmas. Mas antes dele precisamos avançar em alguns conhecimentos básico iniciais, ok?! Aos futuros pescadores com fly 

Muitos colegas do bait não se iniciam na nobre arte da pesca com mosca por preconceito ou informações errôneas que recebem. Devo reconhecer que há entre os pescadores com mosca muitos que mais atrapalham que colaboram, ao repetir que é uma modalidade para poucos, ou que é difícil, ou sei lá o quê. 

Pensando nisso, fiz um pequeno Q&A que, espero, ajude a trazer para essa maravilhosa modalidade, mais e mais colegas adeptos do baitcasting (né, Oga!!... rs). 

1) O fly é muito caro? 
R: O fly será tão caro quanto você quiser que seja. Com 400 reais é possível montar um conjuntinho básico, mas se gostar da modalidade e quiser se especializar, o céu é o limite. 

2) O que é preciso para começar? 
R: Uma vara, linha, carretilha, backing, leader e algumas moscas. 

3) Qual o conjunto mais indicado para iniciantes? 
R: Um conjunto #6 ou #7 é considerado médio, permitindo uma grande variedade de pescarias diferentes, desde tilápias com ninfas até black basses e robalos e tucunarés médios. 

4) Como aprendo a arremessar? 
R: A melhor maneira é fazendo um bom curso. O Marcos Valério da Fly Cast e o Beto Vaucher da Fly Sul são boas referências. Caso não seja possível, alguns bons vídeos ajudam a dar os primeiros passsos. Do mestre Mel Krieger (Begginings, Essence of Fly Casting I e II), Doug Swisher (Basic Fly Casting, Advanced Fly Casting), Joan Wullf, Steve Rajeff, Lefty Kreh, John Goddard... tem para todos os gostos. 

5) O arremesso é muito complicado? 
R: Tanto como arremessar de baitcasting, e será tão mais complicado quanto você quiser aprofundar o seu conhecimento. Um pescador de bait pode passar a vida com o overhead e não precisar de outro arremesso, assim como um pescador de FF pode pescar apenas com o pickup-and-laydown. 

6) Os nomes no FF são muito complicados.... 
R: Tão complicados quanto no BC! Basta substituir overhead cast, pitchin cast, flippin cast, skipping cast e outros, por pickup-and-laydown, false cast, roll cast, double-haul, etc. Cada arremesso tem sua técnica e trejeitos, que só se aprende na prática e só serão usados se necessários. 

7) Mas os nomes das iscas... credo!! 
R: Tão "credo" quanto as iscas de BC (rs)!! Será que Mogul, Anthrax, Fat-A, Big-O, Original Jointed e outros, são menos esquisitos que Royal Wullf, Adams, Bitch Creek, Montana? Apenas questão de se acostumar e de se familiarizar. 

 O fly é menos produtivo que o bait? 
R: Depende da situação. Em pescarias de robalo, normalmente um baile da esposa (que só vai com o fly), enquanto eu permaneço no bait. O fly permite uma apresentação mais delicada da isca, assustando menos o peixe, e a isca, em regra, tem movimentos mais naturais. 

9) Mas tem situações em que não dá para pescar com fly!! 
R: Meia verdade. Eu diria que há situações em que pescar com o fly é pouco confortável, mas dominando-se as técnicas corretas é possível pescar sim. Vento forte? Double haul e linha intermediate. Árvores atrás? Roll cast, power roll cast o Goddard´s cast resolvem. Peixes no fundo? Linha sinking, extra sinking ou deep water express. Arremessos bem longos? Linhas shooting ou série T da Teeny. 

10) É muito difícil achar material de fly para comprar... 
R: Há algum tempo atrás era bem pior, e nos primórdios da FF no Brasil, só importando direto. Há muitos bons comerciantes de equipamentos para FF e para atados. Só vai ser difícil se esperar entrar em uma loja de pesca tradicional e encontrar o que procura. Os contatos certos são essenciais. E caso venha a pedir para trazerem algo do exterior, o material para FF costuma ser menos volumoso e mais leve que o de BC. 

11) Antes de iniciar no FF preciso aprender o BC 
R: Por que? Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O fly não é mais, nem menos complicado que o BC. É apenas diferente. 

12) Antes de iniciar no atados de moscas preciso aprender a pescar com mosca 
R: Errado novamente. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, embora seja quase um caminho natural o pescador de FF se interessar em atar suas próprias moscas. Mas o grande atador Nelson Borges já fazia excelentes obras de artes na morsa, muito antes de dar seus primeiros arremessos. 

13) O fly é só para peixes pequenos? 
R: Se você achar que um tubarão-tigre de 250 quilos, um marlin-negro de 180 quilos, um tarpon de 80 quilos e um tucunaré de 12 quilos são peixes pequenos, então eu digo sim. Todos esses constam como peixes capturados com equipamento de mosca. 

14) Por que eu pescaria com fly se posso pescar de bait? 
R: Por que você pesca de bait se pode pescar com isca natural? Ou melhor, por que vocêe pesca? Cada um tem seus motivos, gostos e manias. Eu comecei a pescar com mosca como forma de expandir mais os conhecimentos sobre o amado esporte da pesca. A curiosidade virou paixão. 

15) Se eu pescar com fly, devo largar o bait? 
R: Eu pesco com fly, bait e isca natural até hoje. Se quiser se enveredar para a exclusividade de apenas uma modalidade será um opção tão somente sua. 

16) É preciso praticar para pescar bem com fly? 
R: Sim! Assim como é preciso praticar para se fazer bem qualquer coisa na vida. Quer colocar a MirrOlure embaixo das galhadas? Aprenda e pratique. Quer arremessar a 150 metros da praia, no terceiro canal? Aprenda e pratique. Quer efetuar um double haul com pefeição? Aprenda e pratique. 

17) Aprendendo o fly serei um pescador melhor? 
R: Não, você se tornará um pescador que sabe pescar com fly. Para ser melhor, pratique, qualquer que seja a modalidade. Mas aprendendo o fly você terá outras opções de pesca e uma forma diferente de se divertir. 

1 Pescador DE fly ou pescador COM fly? 
R: Eu prefiro a nomenclatura pescador COM fly, pois na minha opinião, o que define a modalidade não é o equipamento de pesca, mas o que vai amarrado na ponta do leader e que servirá para atrair o peixe, no caso, o fly. Pescador DE fly é aquele que utiliza o equipamento de pesca destinado do flyfishing, independentemente do que colocar como isca (um fly, uma minhoca, um spin-n-glo... ) 

19) Ei, o que você falou na outra pergunta.... spin-n-glo não é fly? 
R: Ih, essa questão de novo again novamente!! (rs). Minha opinião: spin-n-glo não é fly, mas pode ser usado em equipamento para fly. Não é fly porque não foi feito para ser usado como equipamento para fly, Equivale a amarrar uma rapalinha na ponta do leader. 


 

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